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Marcas del Mundo

Tudo o que você precisa saber para criar um logo memorável

Que o logo não é marca tá todo mundo cansado de saber, mas afinal, como criar o logo da marca?

O papel do logo: muito além da estética

Um logo não é apenas um ornamento gráfico. Ele é uma assinatura visual condensada, uma ponte entre o que uma marca é e o que ela significa para as pessoas. Através de poucos traços, um bom logo captura memórias, desperta emoções e ancora significados profundos. Para criar um logo memorável, é preciso entender que estamos lidando com uma forma simbólica de comunicação. O logo não precisa contar toda a história da marca, mas precisa carregar o suficiente para que essa história comece na mente de quem vê.

O que é, de fato, um logo?

O logo é um signo visual que representa a identidade de uma marca em um único golpe de olhar. Sua função é provocar reconhecimento instantâneo, sintetizar valores, transmitir a essência de uma maneira que palavras sozinhas não conseguem. Por isso, ao projetar um logo, estamos criando muito mais do que uma imagem bonita: estamos desenhando um portal para significados culturais, arquétipos inconscientes e memórias afetivas.

Tipos de logo: cada formato, uma estratégia

Existem diferentes maneiras de representar uma marca visualmente, e entender essas diferenças é essencial para fazer escolhas acertadas.

Logotipo O logotipo é composto apenas por letras. É o nome da marca estilizado de forma única, transformando palavras em identidade. Exemplos clássicos são a Coca-Cola, com sua tipografia fluida que transmite alegria e tradição, e o Google, com um logotipo limpo, colorido e acessível, reforçando a simplicidade e diversidade. O logotipo facilita o reconhecimento imediato do nome, mas depende fortemente da força da palavra para construir significado.

Isotipo O isotipo é o símbolo puro. Ele representa a marca sem apoio de texto. Exemplos como a Apple, com sua maçã mordida, ou o “swoosh” da Nike, mostram como um ícone pode se tornar universal. Criar um isotipo exige muito mais do que um bom design; é preciso uma estratégia forte de associação para que o símbolo se torne reconhecível e desejado.

Imagotipo No imagotipo, texto e símbolo aparecem juntos, mas podem ser usados separadamente. Adidas e Lacoste são exemplos perfeitos. As três listras da Adidas ou o crocodilo da Lacoste funcionam isoladamente porque o público já associou esses ícones às marcas. O imagotipo permite flexibilidade e é ideal para marcas que desejam versatilidade visual.

Isologo O isologo é a fusão entre texto e símbolo em uma unidade indivisível. Starbucks e Burger King exemplificam bem esse formato. Nesse caso, a leitura e o reconhecimento dependem da integração harmônica entre palavra e imagem. A vantagem está na força da identidade visual coesa, mas a desvantagem é a menor flexibilidade em aplicações variadas.

Estilos de logo: personalidade através da forma

O estilo visual do logo também fala muito sobre a marca. Logos minimalistas expressam modernidade e confiança. Logos com formas orgânicas evocam criatividade e naturalidade. Designs geométricos sugerem racionalidade e ordem. Tipografias expressivas transformam a escrita em arte. Estilos vintage trazem nostalgia e credibilidade, enquanto mascotes e personagens humanizam e criam empatia imediata. Cada escolha de estilo comunica inconscientemente valores e posicionamentos.

Técnicas de construção: onde a teoria encontra a prática

Para construir um logo memorável, alguns princípios são essenciais. A Gestalt nos ensina como o cérebro completa formas e cria significados a partir de espaços vazios. A semíotica aplicada nos orienta a construir ícones, índices ou símbolos que gerem associações fortes. O uso de proporção áurea e grids não é um capricho: é uma forma de garantir harmonia tácita, quase instintiva. Testes de resistência, como a legibilidade em tamanho reduzido e a eficácia em preto e branco, validam a força real do projeto.

A questão do registro de marca: uma responsabilidade estratégica

Ao criar um logo, muitos profissionais focam apenas na estética e esquecem um ponto vital: a viabilidade de registro. O visual da marca também é protegido legalmente, e é fundamental que o logo não infrinja registros existentes. Criar algo bonito, mas juridicamente inviável, é colocar todo o trabalho em risco. Antes de concluir a identidade visual, é necessário fazer uma análise de anterioridade e avaliar as chances reais de registro.

Para saber mais sobre registro, leia o meu artigo: “Tudo o que você precisa saber para registrar a sua marca”.

Seu logo memorável em 5 passos

Criar um logo memorável é um processo que vai muito além do traço estético. Requer sensibilidade, pensamento estratégico e uma escuta ativa. O Design Thinking oferece um caminho estruturado e profundamente humano para transformar a intenção em identidade visual.

1. Empatia
Antes de qualquer desenho, existe a escuta. Empatia é a capacidade de se colocar no lugar da marca e das pessoas que ela quer tocar. Significa entender o que move a organização, quais são seus medos, suas potências, o que ela quer transformar no mundo. Também é entender o universo do cliente: suas dores, desejos, comportamentos e crenças. Um logo de verdade começa ouvindo mais do que respondendo.

2. Definição
Com as escutas organizadas, é hora de definir o problema certo a ser resolvido. Nem toda marca precisa de um logo bonito: ela precisa de um logo coerente com sua estratégia, seu mercado e seu posicionamento. Essa etapa envolve a criação de mapas de personalidade, manifesto de marca, arquétipos, territórios visuais e direções simbólicas. Aqui se desenha o briefing de verdade — aquele que orienta a criação com clareza.

3. Ideação
Agora é hora de abrir o jogo criativo. Reunir referências, explorar conceitos visuais, brincar com composições, testar ideias que pareçam improváveis. A ideação é uma fase ampla, sem censura, em que a quantidade gera qualidade. Aqui, os insights vão se conectando com tudo o que foi escutado e definido anteriormente. Nomes, formas, fontes, cores, analogias visuais e metáforas começam a tomar corpo.

4. Prototipagem e Teste
Ideias boas só se confirmam na prática. Por isso, é essencial criar protótipos e testar o logo em diferentes formatos e contextos: papel timbrado, redes sociais, embalagens, fachadas, aplicativos. Um logo forte sobrevive ao preto e branco, ao uso reduzido e à tela trincada do celular. Também é importante observar a percepção do público: o que as pessoas sentem ao ver? O que entendem? O que lembram?

5. Implementação
Um logo não nasce para ficar parado em uma pasta. Ele precisa viver. Isso exige aplicações consistentes, um bom manual de identidade, treinar equipes, alinhar fornecedores e manter a coerência nos pontos de contato. Implementar um logo é educar o ecossistema da marca para usá-lo com sentido, ritmo e respeito.

Criar um logo memorável é criar uma experiência simbólica que se espalha pelo tempo. Cada etapa bem feita não apenas evita erros: ela amplia a potência do que o logo pode significar no mundo.

Os erros que enterram grandes logos

Seguir modismos gráficos
Muitos designers se deixam seduzir pelas tendências do momento: degradês exagerados, efeitos 3D, modas minimalistas extremas. O problema é que o que é tendência hoje vira clichê amanhã. Um exemplo clássico foi a onda de logotipos “aquarelados” entre 2015 e 2017 — centenas de marcas adotaram o estilo, mas poucos anos depois já pareciam datadas e genéricas. Um grande logo é atemporal: ele sobrevive ao tempo porque é fiel ao que a marca é, não ao que está na moda.

Criar complexidades que não sobrevivem à vida real
É comum ver logos cheios de detalhes incríveis… na tela do computador. Mas na prática, esses detalhes se perdem: em cartões de visita, em assinaturas de e-mail, em embalagens pequenas. Um exemplo real é o logo antigo da Starbucks antes da simplificação: cheio de arabescos e minúcias que, em aplicações menores, ficavam ilegíveis. Um bom logo precisa ser forte mesmo em 1 cm².

Ignorar contextos culturais e simbólicos
Símbolos não são neutros — eles carregam significados diferentes em culturas diferentes. Um logo que funciona nos EUA pode gerar rejeição na Ásia, por exemplo. Um caso conhecido foi o da Pepsi ao redesenhar seu logo na década de 1990 para o mercado asiático: certas variações de cor e forma usadas na época, segundo interpretações locais, remetiam à morte. Resultado? Uma crise de imagem que exigiu ajustes imediatos. Criar um logo é também entender a cultura onde ele vai existir.

Produzir algo visualmente bonito, mas vazio de significado
Design bonito, sozinho, não segura uma marca de pé. Se o logo é só estética, sem conexão com a história, propósito e valores da marca, ele vira enfeite — e enfeites não constroem reputações. Um exemplo real foi o rebranding da Gap em 2010: a nova logo era “bonita” no sentido técnico, mas totalmente desconectada do que o público sentia pela marca. A rejeição foi tão grande que em poucos dias a empresa voltou ao logo antigo.

Um bom logo não precisa ser explicado: ele precisa ser sentido
Quando você vê a maçã da Apple, o “swoosh” da Nike ou o “M” dourado do McDonald’s, você não precisa de uma palestra para entender. Você sente. Reconhece. Sorri ou confia sem saber direito o porquê. Um bom logo gera impacto imediato, emocional e silencioso. Se você precisa explicar demais o que ele significa, provavelmente ele não está funcionando como deveria.

A Arquitetura Invisível que Sustenta a Marca

Se a identidade visual é a pele da marca, a arquitetura de marca é seu esqueleto. É a estrutura invisível que sustenta, organiza e conecta cada expressão da marca ao seu propósito original. No contexto do branding estratégico, a arquitetura de marca é o sistema hierárquico que define como uma empresa organiza suas marcas, produtos e serviços em relação ao mercado e ao público. É uma estrutura que dá sentido e coerência à expansão e ao crescimento, criando ordem na complexidade. Sem uma boa arquitetura, as marcas podem se tornar dispersas, redundantes ou até concorrentes entre si. Com uma arquitetura bem pensada, cada novo movimento reforça a reputação e potencializa o valor percebido.

Marcas Como Organismos Vivos

A literatura clássica do design estratégico reforça: marcas são organismos vivos. E, como tal, precisam de um sistema de articulação claro para crescer de forma sustentável. Edward de Bono, na teoria do pensamento lateral, já apontava que a organização de informações determina a capacidade de inovação. Na arquitetura de marca, a organização de marcas determina a capacidade de expansão consciente.

Reputações em Movimento

No meu livro Marcas da Empatia, defendo que marcas são reputações em movimento. Essa definição se torna ainda mais precisa quando entendemos que uma marca não é apenas o que ela comunica individualmente, mas o que ela compõe em conjunto com suas extensões. A arquitetura é, portanto, o mapa de relações de significado entre marcas, sub-marcas e produtos.

Tipos de Arquitetura de Marca

Existem diferentes tipos de arquitetura de marca, cada uma com seus impactos estratégicos. A arquitetura monolítica, também chamada de marca-mãe, concentra toda a força da reputação em um único nome e identidade para todos os produtos e serviços. Aqui, a vantagem é a máxima concentração de capital de marca, mas o desafio é que qualquer erro cometido em uma extensão pode contaminar toda a percepção construída.

Já na arquitetura endossada, as sub-marcas possuem sua própria identidade, mas são claramente associadas à marca principal, que atua como um selo de confiança. O maior benefício desse modelo é combinar autonomia com a força de reputação compartilhada, mas exige equilíbrio. A sub-marca precisa ser suficientemente independente para ser relevante e, ao mesmo tempo, suficientemente conectada para transferir prestígio da marca-mãe.

Quando optamos por uma arquitetura de marcas independentes, cada produto ou serviço opera com sua própria identidade, sem relação explícita com a empresa-mãe. Esse modelo permite máximo isolamento de riscos e adaptação a nichos de mercado, mas impõe um custo mais elevado de construção e manutenção de múltiplas marcas.

Há ainda o modelo híbrido, uma combinação de diferentes sistemas de arquitetura. Algumas marcas são endossadas, outras são totalmente independentes. A grande vantagem aqui é a flexibilidade para atender diferentes estratégias e públicos, mas a desvantagem é a complexidade operacional, o que pode gerar confusão se não houver um critério claro de organização.

A Relação Entre Logotipo e Arquitetura de Marca

Essas escolhas impactam diretamente a forma como desenhamos o logotipo de uma marca. A escolha do logo, seu formato, sua flexibilidade e seu sistema de construção, pode favorecer ou dificultar a expansão arquitetônica da marca.

Em sistemas monolíticos, o logotipo precisa ser flexível o suficiente para acolher novos produtos sem perder a unidade visual. Isso exige um design inteligente, capaz de permitir variações controladas que mantenham o reconhecimento da marca intacto. Já nas arquiteturas endossadas, o logotipo deve ser projetado para coexistir com outras marcas complementares, respeitando hierarquias e fortalecendo a autoridade da marca-mãe sem ofuscar a autonomia das sub-marcas. Em arquiteturas independentes, a liberdade visual é maior, mas ainda assim é recomendável que todas as marcas compartilhem princípios invisíveis de design, como grids semelhantes, proporções harmônicas e uma tonalidade emocional parecida, para preservar uma assinatura cultural da organização.

Quando falamos de arquiteturas híbridas, a exigência de adaptabilidade é ainda mais intensa. Muitas vezes, é necessário desenvolver sistemas de identidade gráfica expansíveis, com famílias tipográficas, cores-fonte e elementos de ligação narrativa, permitindo que cada unidade respire sua própria essência sem perder o elo com o todo.

A Arquitetura Como Planta Viva

No meu livro Marcas da Empatia, falo que a estética é a porta que chama, mas o significado é a casa onde as relações moram. Essa metáfora se encaixa perfeitamente aqui. Um logo bem desenhado para uma arquitetura de marca é como uma planta inteligente de uma casa que pode crescer com novos cômodos, novos andares e novas histórias sem perder a essência do lar.

Conclusão: O invisível que se torna inesquecível

Se um logotipo é a forma como batemos na porta do mundo, a marca é a experiência que as pessoas vivem depois que a porta se abre. O logo chama, mas é a reputação que convida para ficar. E essa reputação não se constrói com um elemento isolado. Ela se edifica como uma casa viva, onde cada cômodo, cada detalhe e cada gesto sustentam a história que queremos contar. Por isso, compreender a diferença entre ter um logotipo e construir uma marca é entender que estética sem propósito é apenas ruído bonito.

O logo é importante, mas ele é apenas o começo. O que realmente importa é a arquitetura invisível que organiza cada passo da marca, que conecta produtos, serviços e experiências em uma narrativa coerente e viva. Assim como não se constrói uma cidade sólida sem um mapa, não se constrói uma marca forte sem um sistema claro de relações internas.

Quando pensamos em criar um logo, não podemos nos limitar ao impacto visual imediato. Precisamos enxergar o ecossistema que ele precisa sustentar. Porque marcas verdadeiras não nascem apenas para serem admiradas. Elas nascem para durar, para crescer, para se expandir sem perder a alma.

É nesse ponto que entra a arquitetura de marca. A estrutura que define como cada expressão da marca se conecta, se reforça e se sustenta. A arquitetura é o que transforma uma marca isolada em um organismo vivo, capaz de evoluir com coerência e força, mesmo diante das mudanças do mundo.

Se construir uma marca é construir uma reputação em movimento, como escrevo no meu livro Marcas da Empatia, então compreender e desenhar sua arquitetura é garantir que esse movimento tenha direção, sentido e propósito.

A construção de uma marca sólida não depende apenas de um bom primeiro contato visual. Depende da capacidade de criar conexões internas fortes, organizadas e estratégicas. Depende da capacidade de planejar, desde o início, como essa marca poderá crescer sem se perder de si mesma.

Por isso, quando falamos de identidade visual, não estamos apenas falando de beleza. Estamos falando de sistemas. De estruturas. De relações. Um logo precisa nascer já carregando em si a semente da expansão, da adaptação e da coerência.

Entender arquitetura de marca é entender que toda marca precisa se preparar para um futuro que, inevitavelmente, exigirá dela crescimento, ramificações e novos significados. E que a maneira como ela organiza esse crescimento será determinante para sua força, sua clareza e sua longevidade.

É sobre essa base invisível, mas essencial, que quero aprofundar a partir daqui.

Quer um guia completo e simplificado para criar o logo da sua marca? Então você precisa conhecer o meu livro Marcas da Empatia — Um guia prático e simplificado para criar marcas humanas e de valor.

Artigos
Zé Paulo Gomes
10/04/2025 às 14:04

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